Quem não se lembra do clássico infantil “Procurando Nemo”? Fofo, engraçado e marcante, tanto Nemo quanto seu pai Merlin são peixes-palhaços. Mas como era um desenho muitos podem imaginar que tudo não passava de uma fábula. Na verdade a espécie existe e é estudada na Base Oceanográfica da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), na Orla de Aracruz.
Quantas vezes você já passou na ES-010 nas proximidades do posto da Polícia Rodoviária Estadual e se perguntou o que acontece naquelas casinhas brancas com janelas azuis em meio à grama alta? Garanto que algumas vezes, não é mesmo? Pois então, dali saem os resultados de algumas pesquisas de alunos do curso de Oceanografia da UFES. É ali que funciona a Base Oceanográfica da universidade.
Bairro: Pontal do Piraquê-açu. Anteriormente a localidade era conhecida como Balsa. A turma que gosta de águas tranquilas para um mergulho em dia de calor chama aquela faixa de areia de Praia da Base. Quem curte um passeio diferente já pode colocar em sua agenda para fazer uma visita.
Apesar de pouco conhecida pelos vizinhos, a Base Oceanográfica desenvolve diversas linhas de pesquisa tendo o oceano como sua principal fonte de dados.
No laboratório de Ictiologia, por exemplo, ficam aquários com diversas espécies sob observação e muitos estudos. E uma delas é a do peixe-palhaço.
“É o mesmo do filme Nemo e ele se reproduz em laboratório”, explicou o pesquisador Maik Da Hora.
Cavalos-marinhos em reprodução na Base Oceanográfica
Outra curiosidade do laboratório de Ictiologia diz respeito aos cavalos-marinhos. É deles a responsabilidade de reprodução.
“É o macho que fica grávido”, disse Maik.
O professor Luiz Fernando Loureiro Fernandes, do Departamento de Oceanografia e Ecologia da UFES, explica que atualmente são desenvolvidos alguns estudos de grande importância para as comunidades do entorno.
“Temos vários laboratórios na Base que desenvolvem pesquisas em diferentes áreas da Oceanografia. Dentre elas, estão as relacionadas à Rede Rio Doce Mar, que trabalha no monitoramento ambiental marinho da área afetada pelos rejeitos de minério proveniente do rompimento da barragem do Fundão, pertencente à Samarco, em Mariana, que despejou milhões de metros cúbicos de lama no leito do Rio Doce”, apontou o professor Luiz Fernando.
E ele explicou que outras pesquisas importantes estão em curso.
“Temos pesquisas que estão sendo feitas com peixes ornamentais marinhos na questão de desenvolvimento e sobrevivência, bem como em pacotes tecnológicos para minimizar o impacto da retirada destes organismos do meio ambiente”.
Ainda de acordo com o professor Luiz Fernando, os estudos realizados buscam entender como a cadeia alimentar foi afetada pelo impacto dos rejeitos.
“A pescaria na região do Rio Doce tem sido constantemente alvo de proibição devido às concentrações de metais. Estamos tentando entender como que toda a cadeia trófica tem sido afetada pelos rejeitos e como podemos mitigar os riscos”, detalhou Luiz Fernando.
A preocupação e apreensão que se instalou na Base Oceanográfica agora é como ficarão as pesquisas com os recentes cortes de verbas por parte do Governo Federal.
“Toda a estrutura da Universidade vem sentindo com os cortes do governo. Mais recentemente as bolsas de aluno de graduação foram suspensas devido a este contingenciamento. Isto trará grande prejuízo para as pessoas que dependem destes recursos, bem como para os laboratórios que utilizam a mão de obra destes alunos. Fora isto, tem os cortes de limpeza, energia etc que afetam as rotinas de trabalho”, lamentou.
Quais os cursos superiores que são ministradas nesta extensão da UFES?