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Griôs de Goiabeiras saúdam força e ancestralidade do manguezal

Publicada em 15/12/21 às 11:40h - 442 visualizações

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Griôs de Goiabeiras saúdam força e ancestralidade do manguezal
Manguezal em Vitória, assim como em Aracruz, é fonte de economia e da história de povos tradicionais em Vitória,  (Foto: Divulgação - IMA)

A sobrevivência de muitas espécies marinhas guarda uma relação com a preservação dos manguezais, um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestres e marinhos, considerado o "berçário da vida", fonte de sustento para as comunidades ribeirinhas. 


Para Goiabeiras Velha, em Vitória, o manguezal é ainda mais: é a origem e a fonte da memória, do afeto e das relações comunitárias, o lugar aonde tudo nasce, o ambiente em que indivíduo, comunidade e natureza se entrelaçam para bem viver.


"Manguezal – Minha Terra Natal", quinto e último episódio da websérie "Griôs de Goiabeiras", resgata a dimensão comunitária e afetiva do ecossistema para destacar sua importância histórica, cultural, econômica, ecológica e social. Com duração de 15 minutos, o curta-documentário será exibido nesta quarta-feira (15/12), às 19h, através do site do Instituto Marlin Azul (IMA). 


O personagem manguezal atravessa todos os demais episódios para desaguar neste último capítulo da série em homenagem aos mestres e mestras das manifestações culturais de tradição oral.


Um dos destaques deste episódio é a paneleira Sônia Ribeiro. Com 64 anos de idade, a moradora nasceu em casa pelas mãos de sua avó Laurinda Alves Lucidato, saudosa parteira de Goiabeiras Velha. Nasceu, cresceu e fortaleceu suas raízes na antiga comunidade. 


De sorriso leve e carismático, Sônia tem a vida misturada ao mangue desde a infância quando os pais costumavam pegar a canoa para um passeio pela região.


Filha de mãe paneleira, Margarida Lucidato Ribeiro, e pai peixeiro, Benjamim Ribeiro, Sônia aprendeu a reconhecer a vegetação, os animais, o comportamento das marés, a retirar do mangue os recursos para o sustento da família, a amar e a respeitar a natureza que abraça a comunidade desde os tempos dos primeiros habitantes.

  

"Antigamente, a gente tirava ameixa (molusco), sururu, ostra, pescava baiacu, tainha, manjuba. Às vezes, meu pai fazia um foguinho, assava a ostra ali mesmo, senão, arrebentava, e comia. Eu tinha mania de entrar no meio do mato e sumir pra conhecer alguma coisa diferente. Uma vez, quando eu tinha uns 16 anos, papai me deixou ficar ali, com água, lamparina e uma caixa de fósforo. Passei a noite dentro do mangue. Fiquei acordada, sentada embaixo de uma árvore porque não dava pra voltar. Precisava da canoa e tinha que esperar a maré subir", conta.


Em Goiabeiras Velha, o manguezal, apesar das agressões e ameaças sofridas ao longo da história, ainda abriga diferentes espécies de animais, entre eles, crustáceos, aracnídeos, insetos, aves, peixes e mamíferos, e mantém o vínculo com a fonte de renda das paneleiras. O tanino, por exemplo, substância utilizada para tingir e impermeabilizar a panela de barro, que é usada para a preparação da moqueca e da torta capixaba, vem da casca do mangue vermelho. Por suas características ecológicas, socioambientais, culturais e cênicas, este ecossistema é o território onde foram construídas as lembranças, as histórias e os sentimentos de pertencimento da comunidade.


De natureza inquieta e curiosa, Sônia estudou para trabalhar como eletricista e cuidadora de pacientes em hospitais, mas, o ofício das paneleiras voltou para sua existência como um chamado ancestral. 


"Mamãe ía para o barreiro. Eu ía junto. Comecei a fazer panela com casca de ameixa ou usava a casca de coco. Fui fazendo as pequenas. Mamãe mais vovó quebravam porque ficava torta. Eu ajudava a tirar o barro, a alisar e a queimar a panela. Aprendi de onde vem o barro, como tirar, como chiar, como sentir e deixar ele penetrar dentro do peito. A gente sente quando o barro é bom", conta a paneleira que aprendeu os segredos do ofício com as mulheres mais velhas da família e da comunidade nos quintais onde ainda se fortalecem os laços de solidariedade.


Hoje, a paneleira mantém a produção artesanal de panelas no quintal que era da avó e conta as histórias sobre o manguezal, a cultura do barro e das paneleiras e a importância da preservação ambiental e da conexão com a natureza.


"Griôs de Goiabeiras" é um projeto audiovisual comunitário de registro e difusão da memória pessoal e coletiva de mestres e mestras dos saberes e fazeres tradicionais da comunidade de Goiabeiras Velha, com destaque das personalidades mais marcantes, das histórias de vida, da geografia física, social e humana de um dos mais ricos bairros em culturas tradicionais de Vitória.


O lançamento do primeiro episódio da websérie aconteceu no dia 17 de novembro. A cada semana, um novo episódio, com duração de 15 minutos, era disponibilizado ao público. 


Fazem parte da coleção de documentários os curtas "É da Mão de Quem? Paneleiras" (1º episódio), "São Benedito vai abrindo meus caminhos- Congo" (2º episódio), "Acordai quem está dormindo - Folia de Reis" (3º Episódio), e "Balança que eu quero ver- Cantadeiras de Roda" (4º Episódio). 


Para assistir aos episódios, basta acessar o site do Instituto Marlin Azul


O projeto foi selecionado pelo Edital "Cultura Digital", viabilizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES), com recursos da Lei Aldir Blanc, e o apoio da Secretaria Especial da Cultura e do Ministério do Turismo. A realização é do Instituto Marlin Azul em parceria com a Banda de Congo Panela de Barro de Goiabeiras.


Com informações da Assessoria de Comunicação do Instituto Marlin Azul

 





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