Há exatos 365 dias duas escolas da Orla de Aracruz viveram momentos de terror e quatro vidas foram ceifadas. Quatro mulheres tiveram suas vidas interrompidas por um assassino que, embora tenha pouca idade, foi maduro o suficiente para buscar em sua mira alvos indefesos. Esse ano foi marcado por uma manifestação em frente às escolas Primo Bitti e Centro Educacional Praia de Coqueiral.
Foram assassinadas nas duas unidades educacionais as professoras Maria da Penha Pereira Banhos, 48 anos, Cybelle Passos Bezerra Lara, 45, Flávia Amboss Merçon Leonardo, 38, e a aluna Selena Sagrilo, 12. Além das vítimas fatais, outras ficaram seriamente feridas.
Uma das alunas teve sequelas e ainda não se recuperou fisicamente do fato. Uma professora que levou sete tiros passa por sessões de fisioterapia. Há também um sem número de pessoas que não conseguiram se recuperar psicologicamente do episódio.
Durante a manifestação, a deputada estadual Camila Valadão (Psol) assinalou que o dia 25 de novembro, que também é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, não pode cair no esquecimento.
“Crime bárbaro que chocou todo o País e que vitimou quatro pessoas, três professoras Cybelle, Penha e Flávia, e a menina Selena. A gente está aqui num ato por justiça, memória e reparação para as vítimas desse crime brutal e em defesa da memória, da dignidade e de direitos para todos, todas e todes”, destacou a parlamentar.
Foram várias faixas que deixavam clara a luta pela reparação e memória das vítimas. “Lutamos para o crime misógino não cair no esquecimento, para preservar a memória das vítimas”, dizia uma faixa. “Crime de ódio não é bullying”, dizia um cartaz.
O Coletivo Dona Astrogilda, que conta com várias professoras em seus quadros e tem como principal bandeira a vida das mulheres, esteve na organização do ato e cobrou ações governamentais no sentido de reparação às vítimas sobreviventes e às famílias, punição de culpados e envolvidos no massacre e manutenção da memória das vítimas fatais.
Durante a manifestação foi cobrado do Governo do Estado punição severa ao pai do adolescente que cometeu o crime. Afinal, além de ser o responsável pela arma que estava na posse do criminoso no dia do massacre, ele teria ainda deixado o filho, menor de idade, guiar um veículo, e ainda alimentado a sanha do autor do crime com ideologias nazi-fascistas.
“Qual a punição do PM, dono e guardião das armas?”, questionou uma líder comunitária. E ela ainda completou: “Não podemos deixar cair no esquecimento”.